O MENINO QUE QUERIA ATIRAR.
- Eu vou atirar!
Gritava o moleque.
Me deixa aqui quieto.
Não tô de brincadeira não.
Eu vou atirar.
Lá do fundão dava para escutar
Pá, pá, pá...
- Nossa que coisa? Depois dizem que é menor de idade.
Dizia a população.
O moleque está atirando.
Pá, pá, pá...
Toda vizinhança ficavam a olhar.
E os tiros não paravam.
Pá, pá, pá...
A mãe chega e diz.
- Agora é assim vendem, essas armas em qualquer quebrada. Algumas eles mesmo fazem.
Aí o moleque não para mais de atirar.
Pá, pá, pá...
Tento segurar ele em casa, mas logo cedo ele vai lá para o centro da cidade, conheceu um sebo que vende essas armas.
Não se podem denunciar, os sebos são legalizados.
Daqui a pouco a polícia chega.
Pra acabar com esses tiros.
Vão dizer que estão lhes incomodando.
Que a arma do moleque
É uma ameaça ao Estado.
É uma arma 14 por 21.
E o moleque continuava atirando.
Pá, pá, pá...
Incentivando até as crianças.
Era com 38, 32, 765.
Tinha até uma, 12.
E até importadas lá dos estrangeiros.
Quando a policia chegou
Foi logo avisando:
- Vamos verificar essas armas aí.
Então o moleque disse:
- Calma aí seu guarda. Na verdade eu sempre
Ando armado, e armas eu tenho de vários gêneros.
Pra atirar pra todo quanto é lado.
Arma branca, antiga, arma do índio, do negro.
Arma de jornalista e até mesmo arma policial.
O policial então disse:
- Então tem um arsenal.
O moleque respondeu.
- Não uma bienal. Ou um alfarrábio como queira.
Vou mostrar, para os senhores.
Os policiais logo se armam, mas logo percebem.
- Que a 32 e 38 é infanto juvenil, a 765 que é um romance e a 12 é infantil.
Esses eram os tiros que saiam das armas que o moleque colecionava.
Livros de 32, 38, 765 e 12 pá, pá, pá... Páginas.
Com mais de mil tiros pá, pá, pá... Palavras.
Por: Germano Gonçalves.
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